Complementando seu último post, Adélia Covre comenta o Combo Bedroom (derivação do murphy bed) e os desafios desse novo conceito para a indústria do mobiliário, designers de interiores, lojistas e montadores.
Em
meu post anterior neste portal, falei brevemente sobre esse novo conceito de
projetos e moradia e hoje venho me deter
em detalhá-lo um pouco melhor levantando pontos importantíssimos e suas variáveis
no tocante a introdução dessa linguagem no mercado brasileiro.
Estamos
diante de uma nova realidade e percebo claramente, o quanto ainda existem
dúvidas em muitas mentes quanto a essa nova linguagem de mobiliário e de
mobiliar oriundas desse novo sistema de projetos de moradia com espaço restritivo.
Obviamente, indústrias, designers, arquitetos de interiores, montadores e até mesmo
lojistas, terão que se adaptar a essa mais nova realidade...mas o que vejo de
redundante nesta questão é que grandes indústrias do segmento de ferragens e
acessórios já se adequaram a esse novo conceito há algum tempo (ForMóbile 2010 HÄFELE), por atuarem nos mercados onde
o Combo Bedroom foi entendido e praticado. A pergunta que não pode calar em nosso mercado será:
"Estamos todos no
Brasil preparados para projetar, decorar, produzir, vender e montar móveis dentro deste novo conceito de espaço limitado?"
Antes
de tudo vejo como sendo necessário pontuarmos de maneira explicita esse
conceito de mobiliário que nos permite integrar funcionalidade a espaços completamente reduzidos de moradia, que deu origem ao Combo
Bedroom. Deixadas as origens culturais e controvérsias, teve seu inicio no mercado americano nas quitinetes de NY, como forma de recuperação da crise imobiliária de 2008 e se estendeu aos demais países.
Lembro
a todos para melhor compreensão que, Combo Bedroom...sem tradução adequada em
nosso mercado, é o conceito de integração de espaços visando compactar diversos
ambientes dentro de um mesmo espaço físico aliando mobiliários com a mesma
linguagem de integração e funcionalidade
Alguns
Exemplos, lembrando que a ideia básica é compartilhar o espaço horizontal de camas e sofás, trabalhando o espaço vertical através da sobreposição de ambientes:
Ambiente partindo da esquerda com roupeiro, home theatre, cama casal, armário, lareira, biblioteca e ao centro living, tudo isso em menos de 25 metros quadrados. |
Cama reversível com estante e home office. Quarto e escritório no mesmo ambiente! |
Sofá Cama com estante reversível |
Estamos
tratando aqui de algo que vai muito além de conceito de decoração, pois abrange
o desenvolvimento também de mobiliário conjugado, ou seja, móveis com varias
funcionalidades.....pois estamos falando de apartamentos com área quadrada
extremamente reduzida, coisa em torno de 30 metros quadrados, ambientes que requerem compactação e planejamento adequados para atender as necessidades de seu
morador.
Buscamos a elaboração de projetos inteligentes e isso com certeza irá produzir um
efeito em cadeia, pois as indústrias não somente de móveis, marcenarias,
indústrias de eletrodomésticos, louças e metais, designers e arquitetos,
lojistas e montadores....precisarão também se adaptar a esse novo conceito em evidência.
Neste
novo estilo, projetos necessitarão de maior estudo técnico para obterem melhor
funcionalidade atendendo o esperado por seus consumidores. E
algo que me pergunto é se estamos todos prontos a produzirmos produtos nessa
linguagem.
Em
minhas andanças e pesquisas vejo ainda um outro ponto a ser ressaltado em
conjunto a essa questão. É a quantidade de profissionais da área de arquitetura
de interiores, desenvolvendo produtos e mesmo designers que vejo despreparados
no quesito conhecimento profundo sobre o desenvolvimento de mobiliário.
Afirmo isso pois eu mesma já tive colaboradores em industrias e mesmo parceiros onde pude observar a falta de conhecimento técnico quanto a matérias-primas, ferragens, acessórios....máquinas, processos, centro de custos.
Afirmo isso pois eu mesma já tive colaboradores em industrias e mesmo parceiros onde pude observar a falta de conhecimento técnico quanto a matérias-primas, ferragens, acessórios....máquinas, processos, centro de custos.
Sempre
afirmo a profissionais da área aos quais possuo liberdade...."Papel, notebooks
aceitam qualquer traço, qualquer criação, ideia...mas uma linha de produção nem
sempre". Estendo isso a marcenarias também...pois até elas por hoje terem
alcançado um papel importante no desenvolvimento de móveis planejados, estão cada
vez mais procurando a automação.
Logo,
levanto uma outra questão séria que talvez explique porque certas propostas ainda não aconteceram por aqui (Brasil)....não é só o custo das ferragens!
Quantos
profissionais da área de desenvolvimento de mobiliário possuem o devido
conhecimento técnico para essa nova realidade de conceito de projeto?....e
quantos compreendem os princípios técnicos para o devido emprego de materiais
no projeto de produtos a ser desenvolvido?.....quantos tem conhecimento
técnico de matérias-primas e seu manuseio, conceitos de durabilidade, usos e
aplicações para as utilizarem, conhecimento de máquinas e processos para a
introdução em uma linha de produção? Possuem manuais técnicos dos acessórios e ferragens? Efetivamente utilizam tais manuais para dimensionar um produto?
Esse
é um assunto que me assusta no mercado de hoje, pois sinto o tamanho despreparo
de profissionais da área e consequentemente, de indústrias de modo geral na
escolha de projetos. O que podemos ver na maioria das vezes é sempre o "mais do mesmo".
Modernização
dos parques fabris e projetos que enchem os olhos não são sinônimo de
competência ou leitura correta do verdadeiro quadro que se apresenta!!!
-Os atendentes de
lojas por sua vez estão preparados para a venda desse novo perfil de mobiliário
e comercialização?
-Montadores de móveis
que hoje ainda sofrem com o despreparo por falta de formação e treinamento
adequado nas linhas convencionais de móveis estariam preparados para montar
corretamente esse novo conceito de móvel?
-Os manuais de
instrução de montagem possuirão linguagem apropriada a suprir o entendimento
desses novos produtos não desencadeando um verdadeiro caos em assistência
técnica?
Estas
são perguntas chaves que não posso deixar de refletir....
Importante
lembrarmos que, competência vem da visão coesa, aliando dinamismo nas ações e
percepção dos acontecimentos evolutivos nesse mercado cada vez mais veloz, aplicando de forma correta conceitos e técnicas.
"Este post foi gentilmente cedido por Adélia Covre para o Portal do Montador"
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